
O que são Fundos de Renda Fixa?
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Os fundos classificados como “Renda Fixa” apresentam como principal fator de risco de sua carteira a variação da taxa de juros, de índice de preços, ou ambos. Devem ter pelo menos 80% da sua carteira investida em ativos que estejam relacionados a esses fatores de risco.
Na prática, esses ativos financeiros são, em sua maioria, os chamados títulos de renda fixa, como os títulos públicos federais, as debêntures e os títulos de emissão bancária, como CDBs, LCIs, entre outros.
Podem incluir na carteira títulos que apresentam maior risco de crédito, como os títulos privados, e podem utilizar derivativos tanto para proteção da carteira quanto para alavancagem.
Dependendo dos ativos integrantes de sua carteira e da política de investimento do fundo, os fundos da classe “Renda Fixa” podem receber os seguintes sufixos.
Renda Fixa - Curto Prazo
A principal característica dos fundos da classe “Renda Fixa” que recebem o sufixo “Curto Prazo” está relacionada ao vencimento dos títulos que compõem a sua carteira, que precisam respeitar o prazo máximo a decorrer de 375 dias, e prazo médio da carteira inferior a 60 dias.
Os gestores desses fundos só podem investir em:
· Títulos públicos federais ou privados pré-fixados;
· Títulos públicos federais ou privados indexados à taxa SELIC, a outra taxa de juros ou a índices de preços;
· Títulos privados que sejam considerados de baixo risco de crédito pelo gestor;
· Cotas de fundos de índice que apliquem nesses tipos de títulos; e
· Operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.
São considerados conservadores quanto ao risco e compatíveis com objetivos de investimento de curto prazo, pois suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juros.
Renda Fixa - Referenciados
Buscam acompanhar a variação de determinado indicador de referência (benchmark) definido em seu objetivo. Esse indicador pode ser um índice de mercado ou uma taxa de juros.
Para isso, devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio líquido investido em ativos que acompanhem o indicador e ter no mínimo 80% do patrimônio representado por títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito ou cotas de fundos de índice que invistam em ativos com essas características.
O fundo referenciado mais popular é o chamado Fundo DI, cujo objetivo de investimento é acompanhar a variação diária das taxas de juros praticadas no mercado interbancário. São um pouco mais sensíveis às variações nas taxas de juros quando comparados aos de curto prazo, embora ainda sejam considerados de baixo risco.
Renda Fixa - Simples
O fundo simples foi criado com o objetivo de oferecer à população alternativa de investimento simples, segura e de baixo custo, que colabore para a elevação da taxa de poupança do país, promovendo um primeiro acesso ao mercado de capitais.
No que se refere à segurança do investimento, os fundos simples devem manter no mínimo 95% do seu patrimônio em títulos públicos federais, operações compromissadas neles lastreadas ou títulos de emissão de instituições financeiras de risco de crédito no mínimo equivalente ao risco soberano. O gestor deve ainda adotar estratégia de investimento que proteja o fundo de perdas e volatilidade. Não são permitidos investimentos no exterior ou concentração em crédito privado.
Devem ser constituídos exclusivamente sob a forma de condomínio aberto e, para reduzir custos, todos os seus documentos e informações devem ser disponibilizados preferencialmente por meio eletrônico.
Além disso, com o objetivo de facilitar o acesso dos investidores a essa alternativa de investimento, o ingresso no fundo simples é dispensando da assinatura do termo de adesão e ciência de risco e da verificação da adequação do investimento no fundo ao perfil do cliente (suitability), se o investidor não possuir outros investimentos no mercado de capitais.
São considerados de baixíssimo risco e de fácil acesso.
ATENÇÃO
Os fundos da classe “Renda Fixa” que recebem os sufixos “Curto Prazo”, “Referenciado” e “Simples” podem utilizar derivativos apenas para proteção da carteira.
Renda Fixa – Dívida Externa
Mantêm no mínimo 80% de seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União. Em regra não podem manter ou aplicar recursos no país, com exceção de algumas hipóteses previstas na regulamentação, como a aplicação dos recursos remanescentes na realização de operações com derivativos para proteção da carteira.
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Vantagens e Desvantagens
Quais são as vantagens de aplicar em um fundo de renda fixa, no lugar de outros tipos de fundos ou de outras opções de investimentos? Existem muitas: contar com um gestor profissional, por exemplo, ou ter acesso a uma série de produtos que não estariam disponíveis a você a não ser dessa forma. Mas há também desvantagens, é claro.
Você confere abaixo quatro pontos de atenção que o ajudarão a entender se os fundos de renda fixa são a melhor opção para o seu caso:
Rendimento
Os fundos de renda fixa são, em geral, considerados aplicações mais conservadoras do que as carteiras de ações ou os multimercados. Isso porque as aplicações realizadas por eles têm regras de remuneração definidas, conhecidas desde o momento inicial.
Quando compra um título público indexado à inflação, por exemplo, o gestor de um fundo de renda fixa sabe que ele oferece uma taxa de juros prefixada (de 3% ou 4% ao ano, por exemplo) mais a variação do IPCA, um índice de preços. É diferente de quem compra uma ação na bolsa de valores, que não tem a mais vaga ideia de quanto valerá dali a seis meses. Por isso, esse tipo de aplicação é conhecido como de renda variável.
Dada essa característica, os fundos de renda fixa têm uma rentabilidade potencial menor do que o dos fundos de ações ou multimercados. Essas alternativas que envolvem mais riscos e, consequentemente, mais retorno.
Também é importante ressaltar que, embora o nome possa sugerir, fundos de renda fixa não têm resultado garantido ou sempre positivo. Existem riscos de perda, sim. Imagine que uma empresa dê um calote no pagamento dos juros de debêntures compradas por um fundo. Esse é um caso em que o administrador precisará contabilizar a perda na carteira – e o valor das cotas provavelmente sentirá o impacto.
Custos
Para investir em fundos é necessário arcar com taxas cobradas para remunerar as instituições envolvidas na administração da carteira. Esse é um ponto importante para considerar na hora de escolher o investimento. Isso porque as taxas têm um impacto direto sobre o retorno da aplicação. É preciso descontá-las do ganho com a valorização das cotas para saber exatamente qual é a rentabilidade líquida.
Nos fundos de renda fixa, o principal custo é a taxa de administração. Ela incide sobre o patrimônio mantido pelo investidor e remunera os serviços de administração e gestão. A taxa é divulgada como um percentual anual, mas a cobrança não é feita de uma vez só – e sim de pouco em pouco, diariamente, de maneira proporcional.
Agora que os juros básicos da economia brasileira estão no menor patamar da história, a atenção para a taxa de administração deve ser redobrada. Um fundo que cobre 2% ao ano de taxa de administração provavelmente terá um retorno líquido real (descontando impostos e inflação) muito próximo de zero.
Já a taxa de performance – remuneração baseada no resultado, equivalente a um bônus pago ao gestor se ele entregar uma rentabilidade superior à de um índice de referência – tem algumas restrições nesse tipo de fundo. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que a cobrança de taxa de performance em fundos de renda fixa é vedada, a não ser que:
– o fundo seja destinado a investidor qualificado;
– o fundo seja denominado de “longo prazo” para fins fiscais;
– ou o fundo seja classificado como “renda fixa – dívida externa”.
Tributação
Os dois impostos que incidem nos fundos de renda fixa são o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o Imposto de Renda. O IOF é cobrado apenas se o resgate do investimento for realizado em um período inferior a 30 dias a partir da aplicação. Nesse caso, a alíquota sobre o rendimento pode variar de 96% a 0%, dependendo do prazo.
Já o Imposto de Renda incide sobre a rentabilidade dos fundos tanto se você mantiver a aplicação por pouco quanto por muito tempo. O período de permanência só afeta o tamanho da alíquota. Na prática, quanto mais tempo o dinheiro permanecer investido, menor será a taxa paga ao governo.
Para efeitos de tributação, os fundos de renda fixa são divididos em dois tipos. Os de longo prazo são compostos por papéis com vencimento acima de 365 dias, em média. Já a carteira dos fundos de curto prazo é formada por papéis com vencimento abaixo de 365 dias, em média.
Perceba que a definição de fundo de curto prazo, pensando na tributação, é diferente da descrição de fundo de curto prazo baseada na sua política de investimento. Isso porque, do ponto de vista tributário, não apenas os fundos de renda fixa podem ser enquadrados na categoria curto prazo – um fundo multimercado também poderia ser.
A tributação dos fundos de curto e de longo prazo segue as seguintes tabelas de alíquotas regressivas:
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A cobrança de Imposto de Renda nos fundos de renda fixa é semestral. Isso é diferente de outros tipos de aplicações, em que a tributação ocorre apenas na hora do resgate.
Assim, no último dia útil dos meses de maio e novembro, os administradores calculam quanto os investidores devem de imposto, considerando a menor alíquota de cada categoria (curto ou longo prazo). A cobrança é feita recolhendo cotas do fundo – por isso, esse sistema é conhecido como “come-cotas”.
Caso o investidor queira resgatar os recursos do fundo em um período menor, em que as alíquotas de IR seriam maiores do que recolhidas pelo come-cotas, a diferença entre o que já foi pago e o que resta acertar é retida pelo administrador na hora do saque.
Selic: como a taxa de juros influencia na rentabilidade
A taxa Selic tem uma influência direta na rentabilidade dos fundos de renda fixa. Isso porque ela serve como uma referência de retorno para muitos ativos nos quais os fundos investem. Se ela é elevada – ou, como tem sido mais comum, é reduzida –, isso afeta o desempenho das carteiras, sim.
Suponha que um fundo de renda fixa invista em títulos públicos pós-fixados, que oferecem como rentabilidade 100% da Selic. Se a taxa básica for de 15% ao ano (como já foi o caso no Brasil anos atrás), o rendimento da carteira será muito melhor do que nos períodos em que ela estiver em 5% ao ano.
Os fundos também sentem as variações da Selic de uma outra forma, e é por conta da marcação a mercado da carteira. “Marcar a mercado” significa atualizar, em geral diariamente, o preço dos ativos que compõem a carteira e também o valor das suas cotas. Em poucas palavras, esse processo permite ao investidor saber quanto receberia hoje se resgatasse seu dinheiro de um fundo.
Por conta da marcação a mercado, fundos de renda fixa que tenham títulos prefixados ou atrelados à inflação na carteira registram uma oscilação no valor das cotas quando há variações na Selic. Isso porque, quando o mercado tem a expectativa de que os juros subam, a remuneração desses títulos tende a aumentar – e o seu preço, na contramão, a cair. Já quando se espera uma queda de juros, a remuneração do papel tende a cair – e o seu preço, a subir.
Em um caso extremo, dependendo da composição da carteira, um fundo de renda fixa pode chegar a ter rentabilidade negativa em períodos de alta considerável da Selic. E tudo isso por conta da marcação a mercado.
Quando vale a pena investir em fundos de renda fixa?
Para os investidores mais escolados, investir em certos fundos de renda fixa pode parecer uma opção cara para o que eles oferecem. Quem já tem algum traquejo com o mercado financeiro pode encontrar alternativas tão rentáveis, pagando comissões mais baixas do que a taxa de administração.
Mas há situações em que os fundos de renda fixa podem valer a pena.
Conheça algumas delas:
– Se você é um investidor com pouca experiência no mercado. Os fundos de renda fixa são uma maneira relativamente simples de aplicar. Basta transferir os recursos. Não é preciso se preocupar em pagar taxas (elas já são descontadas automaticamente pelos administradores) nem recolher impostos;
– Se você é um investidor com perfil conservador, mas quer encontrar alternativas mais rentáveis do que a caderneta de poupança. Alguns fundos de renda fixa podem oferecer isso para você;
– Se você precisa de agilidade para aplicar e resgatar seus recursos. Existem inúmeros fundos de renda fixa sem carência e com liquidez diária, o que é essencial para uma reserva de emergência, por exemplo.
Qual é a diferença entre investir sozinho em renda fixa ou aplicar em fundos de renda fixa?
Investir em renda fixa em conjunto com outras pessoas traz alguns benefícios. A diversificação é um deles. Com um só fundo, muitas vezes é possível ter acesso a diferentes tipos de investimentos, já que os fundos podem aplicar em vários produtos distintos, como títulos públicos, CDBs ou debêntures. O desempenho das cotas reflete esse conjunto todo – que, para ser replicado por um investidor sozinho, exigiria um valor maior. Fora o trabalho de comprar papel por papel, de diferentes empresas, possivelmente em diferentes corretoras.
Além disso, quem investe por meio de um fundo pode contar com um gestor especializado, que tomará decisões de investimento baseadas em uma série de critérios e análises. Dificilmente um investidor iniciante teria condições de fazer isso por conta própria.
Como escolher um fundo de investimento
Se você está interessado em fundos de renda fixa, precisa considerar alguns aspectos. Eles são importantes para que cada investidor escolha a carteira adequada aos seus objetivos. Confira:
Perfil e risco
As cotas dos fundos – mesmo quando são de renda fixa – podem sofrer variações ao longo do tempo, principalmente se investirem em papéis de crédito privado ou em títulos públicos de prazo muito longo. Você está preparado para controlar a emoção diante de um mês de rentabilidade negativa?
Esse é o tipo de pergunta que você deve fazer a si mesmo ao avaliar os fundos de renda fixa em que gostaria de investir. Assim, é possível tomar uma decisão de investimento mais consciente.
Benchmark
Para ter clareza sobre os objetivos dos fundos que estiver analisando, confira qual é o benchmark de cada um, isto é, o indicador usado como referência para a performance da carteira. Muitos fundos de renda fixa adotam a taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) como benchmark. Mas outros optam por indicadores de rentabilidade ligados à inflação, como o IMA-B, que acompanha o desempenho médio dos títulos públicos atrelados ao IPCA.
Taxas
Lembre-se de avaliar o valor da taxa de administração cobrada pelos fundos. Se ela for muito alta, acabará corroendo a rentabilidade da carteira, especialmente em momentos de queda dos juros – como é o caso agora.
Resgate e Liquidez
Verifique no regulamento dos fundos como funcionam os prazos de resgate das cotas. Devem estar especificadas a data de conversão (quando o cálculo do valor das cotas será feito para o pagamento do resgate) e também a data de pagamento (quando os recursos serão efetivamente disponibilizados ao investidor).
Suponha que o regulamento de um fundo preveja que a data de conversão ocorre em D+1. Significa que o cálculo do valor das cotas usado como referência para o pagamento será um dia útil após a data em que o resgate foi pedido. Portanto, na data de conversão, as cotas podem ter um valor diferente da data do pedido do resgate.
Agora imagine que a data de pagamento desse mesmo fundo seja em D+3. Nesse caso, o depósito do dinheiro será feito três dias úteis depois. Fundos Simples ou DI costumam ter prazos de pagamento bem curtos. Já nos de crédito privado, nem sempre é assim. Como os títulos emitidos por empresas são mais difíceis de negociar, as carteiras podem precisar de tempo e o pagamento pode acontecer em D+10, D+30 ou até D+90.
Verifique ainda se o fundo tem prazo de carência, que é um período mínimo em que o investidor não pode solicitar o resgate.
Histórico e rentabilidade
Ainda que a rentabilidade passada não assegure o retorno do futuro, a análise do histórico de desempenho ajuda a identificar como o fundo se comporta em períodos distintos. Isso permite que os investidores se preparem para encarar os altos e baixos das cotas. Essas informações ficam disponível nos sites da CVM e da Anbima, além de serem publicadas pelos administradores.
